Clinton desafia Portugal a "enfrentar e vencer" obstáculos

Os portugueses "devem estar orgulhosos" de terem conseguido superar o período do programa de assistência financeira, com todas as dificuldades e medidas de austeridade que implicou, e "tem direito a um futuro diferente", defendeu esta tarde numa conferência em Lisboa o antigo presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton.
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Os portugueses devem "identificar os obstáculos" que têm pela frente para criar "um futuro diferente" e devem "enfrentá-los e vencê-los" para "criar esse futuro" - esta foi uma das mensagens mais fortes expressas por Bill Clinton durante a conferência que pronunciou esta tarde em Lisboa dedicada ao futuro da economia mundial.

Os "portugueses têm capacidade para isso", referiu o antigo dirigente dos Estados Unidos que falava numa iniciativa da Universidade Europeia. Portugal "fez um trabalho extraordinário", saiu com sucesso do programa de assistência e as exportações estão a aumentar, mas o grande desafio não é ter a economia a crescer 1%, é descobrir como a fazer "crescer 3% ou 2%", afirmou Clinton que disse ter "de pedir desculpa pela crise financeira nos Estados Unidos", a partir de 2006, cujas ondas de choque vieram a estender-se à Europa e atingir Portugal.

O fenómeno da crise financeira nos EUA mostrou a "interdependência global", uma das características centrais da atualidade, "algo que não se pode combater", referiu. Por isso, e esta foi uma das outras ideias centrais argumentadas por Bill Clinton, sendo a "interdependência boa, má ou ambas", é "dever de todos os cidadãos em cada comunidade definir os termos da nossa interdependência, reforçar os aspectos positivos e lutar contra os negativos" - porque "não podemos voltar atrás na interdependência, apesar dos resultados das europeias".

Para o antigo presidente dos EUA, em momentos de crise a "ideia europeia torna-se menos atraente", por isso a baixa taxa de participação eleitoral e o sentido de voto. Mas, mesmo perante este cenário, é possível extrair conclusões positivas, funcionando a abstenção elevada e o desvio de voto para opções extremas "como luzes intermitentes de aviso" para os dirigentes políticos europeus.

Na conferência, em que estiveram presentes, entre outras personalidades, os ministros da Economia e da Educação, António Pires de Lima e Nuno Crato, Clinton defendeu a suprema importância da educação e da formação e chamou a atenção para o facto de "demasiada desigualdade" ou "demasiada instabilidade" travam o desenvolvimento das sociedades e levam as pessoas, mais facilmente, "a pegar em armas".

O antigo presidente criticou ainda a atuação da Rússia na Ucrânia e, dando como exemplo o facto daquele primeiro país ter o maior número de premiados e de lugares de destaque num importante concurso da IBM dedicados a problemas de matemática, afirmou que, no presente e no futuro, a política de atração terá melhores resultados do que a agressão".

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